Tecnologia poderá contribuir para oferecer novas opções de cultivo e automatizar processos como a triagem, distribuição e armazenagem de produtos afirmam Raul Colcher e Fabrizzio Soares, membros da maior organização técnica-profissional do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade.
A pandemia mostrou que não basta mecanizar os processos para a semeadura e colheita das lavouras. Para evitar a exposição do ser humano à contaminação falta automatizar tudo o que acontece das fazendas até as prateleiras dos supermercados. Na visão do professor Fabrizzio Soares, membro do Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE) e professor da Universidade Federal de Goiás, a seleção de legumes, hortaliças e frutas, que é manual, pode no futuro ser feita com técnicas de visão computacional. Os vegetais seriam colocados sobre esteiras rolantes, monitoradas por câmeras ligadas a computadores, que usariam algoritmos para avaliar os alimentos de acordo com a qualidade, o tamanho e o formatos. O transporte seria realizado por veículos autônomos e a operação de carga, descarga e armazenagem, por robôs.
“Nas últimas décadas, a engenharia desenvolveu veículos mecânicos para a semeadura e colheita de plantações diferentes, como soja, cana de açúcar, tomate e cenoura. Paralelamente, as técnicas baseadas em agricultura de precisão e inteligência artificial contribuíram para o monitoramento, previsão e mapeamento das lavouras. Embora a intervenção humana tenha diminuído nos últimos anos, ainda existem atividades agrícolas que dependem do homem”, avalia Soares.
Já Raul Colcher, membro do IEEE e presidente da Questera Consulting, pensa que a agricultura vertical poderia ser outra solução tecnológica para mitigar o impacto da covid-19 sobre a produção de alimentos previsto pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Esse tipo de agricultura é praticado dentro de edifícios, que funcionam como grandes estufas. Todas as variáveis do cultivo – como iluminação, água e temperatura – são controladas. ” No curto prazo, é improvável que esse tipo de agricultura possa oferecer alternativas viáveis para a produção em larga escala, porque demanda um grande consumo de capital e energia. Mas no futuro, pode evoluir de forma positiva”, argumenta.
O especialista acredita que o uso de soluções baseadas na internet das Coisas (tradução do inglês Internet of Things, ou IoT) e sensores inteligentes podem ajudar a aumentar a produtividade no campo. A IoT nada mais é do que a conexão via internet de aparelhos e objetos. Por meio de sensores e softwares, os objetos se interconectam, passando a integrar a rede de comunicação com os seres humanos. Na agricultura, sensores conectados à central de comando podem detectar problemas e ajudar no controle de pragas, na irrigação da terra e na correção do solo. “Há um espaço para o desenvolvimento tecnológico voltado para o crescimento da produção agrícola”, diz Raul Colcher.
Sobre o IEEE
O IEEE é a maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade. Seus membros inspiram uma comunidade global a inovar para um futuro melhor por meio de seus mais de 420.000 membros em mais de 160 países. Suas publicações, conferências, padrões de tecnologia e atividades profissionais são recomendadas por diversos especialistas. O IEEE é a fonte confiável para informações de engenharia, computação e tecnologia em todo o mundo.