Mês da Luta Contra Doenças Reumáticas busca disseminar informações sobre doenças no sistema músculo esquelético
Crianças que deixam de realizar atividades rotineiras por causa de dores, evitam brincadeiras e se cansam rapidamente devem ser um alerta para pais e responsáveis. Esses sintomas podem ser decorrentes de artrite idiopática juvenil, uma doença reumática que ocorre na infância e se manifesta no sistema músculo esquelético1. Em outubro, acontece o Mês de Luta Contra Doenças Reumáticas, que busca disseminar informações sobre o tema.
Estudo2 da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com estudantes de escolas particulares da região metropolitana de São Paulo mostrou que 1 em cada 500 crianças e jovens apresentam um tipo de artrite, inflamação crônica em uma ou mais articulações. Muitas vezes confundida com dor de crescimento, a artrite idiopática juvenil (AIJ) provoca sintomas como dor, inchaço e rigidez matinal nas articulações. Se não for tratada precocemente, pode levar a danos estruturais irreversíveis e a incapacitação física.
“Pais e responsáveis devem ficar atentos aos primeiros sintomas, pois nem sempre há dor. Em caso de dúvidas, a criança deve ser levada ao reumatologista pediatra em caso assim que possível. Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, os pequenos podem ter uma vida normal”, afirma Dr. Mateus Venazzi, especialista em Reumatologia Pediatrica.
Os sintomas mais comuns são dor e inchaço nos joelhos, tornozelos, punhos, cotovelos ou quadril. A confusão com dor de crescimento muitas vezes atrasa o diagnóstico. Pais, mães e responsáveis devem ficar atentos. “A dor de crescimento é mais leve e normalmente acontece após um dia com muitas atividades. É preciso investigar quando a criança sente desconforto nas pernas ao acordar. A AIJ geralmente se caracteriza por dores intensas e impede que o paciente realize atividades cotidianas, podendo causar também febre e inchaço nas articulações”.
Tratamento
O diagnóstico precoce e a terapêutica adequada são fundamentais para que as crianças e jovens com AIJ possam ter uma vida normal. “As articulações são muito delicadas, e uma inflação crônica pode acabar com as cartilagens. Isso pode levar a deformidades articulares e limitações de movimento”, explica o médico.
Existem três tipos principais de apresentação dos sintomas: na artrite idiopática juvenil oligoarticular, são acometidas até quatro articulações, sendo joelhos e tornozelos as mais frequentes. Nesses casos, também é comum os pacientes terem uveíte, uma inflamação nos olhos que exige avaliações oftalmológicas regulares. No tipo poliarticular, cinco ou mais articulações são afetadas e pode haver febres ocasionais. Já no tipo sistêmico, a febre é alta, com um ou dois picos diários, e ainda pode ocorrer dor no peito, dificuldade para respirar, aumento do fígado e do baço.
A AIJ pode se manifestar de diversas formas. “É possível que crianças com menos de um ano de idade tenham febre durante três meses, enquanto outras com mais idade apresentem artrite em apenas um dedo. Não há padrão. Por isso, pais e responsáveis devem estar atentos a qualquer situação fora da normalidade”, alerta o Dr. Mateus Venazzi.
O tratamento da AIJ é feito com medicação via oral ou injetável e tem como objetivo o controle da progressão da doença, melhorando a capacidade funcional e aliviando a dor das crianças e jovens. “A terapia adequada permite uma vida normal ao paciente, inclusive com prática de esportes em alto nível”, conta o especialista.
Desde 2021, tratamentos inovadores para a AIJ estão incluídos entre as terapias obrigatórias que devem ser cobertas pelos planos de saúde, ampliando o acesso e as opções para os cuidados de saúde com os pacientes. As novas coberturas disponibilizadas pelos planos de saúde para os seus beneficiários podem ser consultadas no site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)3. Além disso, o tratamento é disponibilizado pelo SUS4.
O tratamento da AIJ deve durar enquanto a doença persistir. Na maioria dos casos, o paciente entra em remissão após uma evolução que varia bastante em termos de tempo. Geralmente, os médicos acompanham as crianças com artrite idiopática juvenil até se tornarem adultos, mesmo que a artrite esteja inativa.
Referências
1. https://www.reumatologia.org.br/perguntas-frequentes/#reumatismo-e-doenca-de-velho
2. Vânia Schinzel , Simone Guerra Lopes da Silva , Maria Teresa Terreri , Claudio Arnaldo Len Prevalence of juvenile idiopathic arthritis in schoolchildren from the city of São Paulo, the largest city in Latin America https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31345271/
4. https://www.gov.br/conitec/pt-br/assuntos/noticias/2021/setembro/aprovados-os-protocolos-da-artrite-reumatoide-e-da-artrite-idiopatica-juvenil-no-sus