Estudo mostra que 1 em cada 500 crianças e jovens apresenta sintomas da doença. Se não for tratada, pode levar à incapacitação física
Estudorealizado por profissionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com estudantes de escolas particulares da região metropolitana de São Paulo mostrou que 1 em cada 500 crianças e jovens apresentam um tipo de artrite. Nessa faixa etária, dor, inchaço, rigidez matinal e febre nas articulações são os principais sintomas da artrite idiopática juvenil (AIJ), doença que, se não for tratada precocemente, pode levar a danos estruturais irreversíveis e a incapacitação física.
“É uma incidência grande, portanto os pais precisam ter atenção aos primeiros sintomas, porque nem sempre a criança apresenta dor”, alerta o reumatologista pediátrico Claudio Len, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e responsável pela pesquisa. A AIJ é uma doença inflamatória autoimune que requer terapêutica específica. “Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, a criança pode ter uma vida normal.”
A enfermidade se manifesta de várias formas. Os sintomas mais comuns são dor e inchaço nos joelhos, punho, tornozelo, além do quadril e do cotovelo. Algumas vezes, o diagnóstico atrasa porque os pais acreditam se tratar da dor de crescimento. “No entanto, a dor do crescimento é mais comum no fim do dia. É preciso investigar quando a criança sente desconforto nas pernas ao acordar”.
A causa exata da artrite idiopática juvenil ainda não é conhecida. Fatores imunológicos, genéticos e infecciosos estão envolvidos. Estudos recentes mostram que existe certa tendência familiar e que alguns fatores externos, como certas infecções virais e bacterianas, o estresse emocional e os traumatismos articulares podem atuar como desencadeantes da doença.
Os pais devem ficar atentos se, de repente, o filho deixar de realizar atividades rotineiras por causa das dores, e até deixar de se alimentar. Existem três tipos principais de apresentação dos sintomas: na artrite idiopática juvenil oligoarticular, são acometidas até quatro articulações, sendo joelhos e tornozelos as mais frequentes. Nesses casos, também é comum os pacientes terem uveíte, uma inflamação nos olhos que exige avaliações oftalmológicas regulares.
No tipo poliarticular, cinco ou mais articulações são afetadas e pode haver febres ocasionais. Já no tipo sistêmico, a febre é alta, com um ou dois picos diários, e ainda pode ocorrer dor no peito, dificuldade para respirar, aumento do fígado e do baço.
Resultados positivos. O tratamento da doença é feito com medicação via oral ou injetável e tem como objetivo o controleda progressão da doença, melhorando a capacidade funcional e aliviando a dor das crianças e jovens. “Tenho pacientes que após o tratamento praticam até esportes de alto nível como o ciclismo e skate”, conclui Claudio Len.
Em abril de 2021, tratamentos inovadores para a artrite idiopática juvenil foram incluídos entre as terapias obrigatórias que devem ser cobertas pelos planos de saúde, ampliando o acesso e as opções para os cuidados de saúde com os pacientes. As novas coberturas disponibilizadas pelos planos de saúde para os seus beneficiários podem ser consultadas aqui.
O tratamento da AIJ deve durar enquanto a doença persistir. Na maioria dos casos, o paciente entra em remissão após uma evolução que varia bastante em termos de tempo. Geralmente, os médicos acompanham as crianças com artrite idiopática juvenil até se tornarem adultos, mesmo que a artrite esteja inativa.