Segundo pesquisadores, abordagem foi bem-sucedida, matando células cancerígenas e reduzindo o tumor em camundongos e tecidos derivados de humanos
Por Gabriela Maraccini, da CNN
Pesquisadores descobriram como matar células causadoras do câncer de mama ao deixá-las sem nutriente essencial para sua sobrevivência. A descoberta foi publicada no final de agosto na revista científica Nature Metabolism e, segundo estudo, resultou no encolhimento dos tumores em camundongos e em tecidos derivados de pacientes humanos.
As células cancerígenas se alimentam de nutrientes fundamentais para sua sobrevivência e crescimento, como a glutamina, um aminoácido encontrado em alimentos como carne, peixe, ovos, leguminosas e alguns vegetais.
Estudos anteriores mostraram que privar essas células de glutamina ou impedir sua conversão em metabólitos pode interromper o crescimento das células em laboratório. No entanto, ensaios clínicos mais recentes, realizados em pacientes com câncer de mama que receberam um medicamento que interrompeu o fornecimento de glutaminas às células cancerígenas, descobriram que elas são capazes de se adaptar e encontrar uma nova maneira de viver sem o aminoácido.
Pesquisadores do Cold Spring Harbor Laboratory (CSHL), localizado em Nova York, nos Estados Unidos, observaram que as células cancerígenas se adaptam à privação de glutamina ao ativar um caminho que gera um metabólito chamado alfa-cetoglutarato, derivado da glutamina. Isso permitiu que elas continuassem produzindo energia e aumentando de tamanho.
“Isso nos fez pensar, poderíamos explorar isso para terapia de câncer?” Michael Lukey, professor assistente do CSHL, relembra, em comunicado à imprensa. “Poderíamos mirar o metabolismo da glutamina? Sabemos que as células se adaptam a isso. Então, poderíamos mirar simultaneamente sua resposta adaptativa inibindo a via?”
Foi, então, o que os pesquisadores fizeram. Ao invés de focar em interromper o fornecimento de glutamina às células, eles focaram em inibir as vias metabólicas que as ajudam a se adaptar à falta do aminoácido. Segundo o estudo, a abordagem foi bem-sucedida, matando células de câncer de mama em placas de laboratório, que continham tecidos derivados de pacientes humanos, e em camundongos.
De acordo com os pesquisadores, os tumores pararam de crescer e, até mesmo, encolheram a partir da nova abordagem. Os animais permaneceram saudáveis.
Agora, os inibidores de ambas as vias metabólicas — tanto da glutamina, quanto do processo de adaptação das células — estão sendo analisadas em estudos adicionais. Lukey observa que essas vias podem ser especialmente importantes para a metástase do câncer de mama para diferentes tecidos, incluindo alguns que são muito difíceis de tratar.
“Metástases cerebrais em particular não têm nenhuma terapia eficaz”, explica Lukey. O pesquisador espera que a terapia combinada desenvolvida em seu laboratório possa, em última análise, melhorar a eficácia dos inibidores do metabolismo de glutamina na clínica. Isso pode significar novos tratamentos eficazes que visem os vícios metabólicos do câncer.
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