Projeto revela músicas compostas em campos de concentração por judeus e terá regências dos Maestros João Carlos Martins e Francesco Lotoro
Ao homenagear o casal Bete e Marcos Arbaitman no piano, com a música tema do filme “Lista de Schindler”, ao final da peça que “Concerto para João”, que conta sua história, em cartaz no Teatro FAAP, o maestro João Carlos Martins anunciou turnê com obras recuperadas dos campos de concentração em 2019. As apresentações de João Carlos Martins e orquestra deverão percorrer salas de Israel, Itália, Nova Iorque (Carnegie Hall) e São Paulo (Auditório Ibirapuera e Clube Hebraica), ao lado do músico italiano Francesco Lotoro, que por mais de duas décadas pesquisou e recuperou cerca de 8 mil registros, entre canções, sinfonias e óperas, compostos em campos de concentração e prisões da Segunda Guerra Mundial. O projeto tem objetivo de homenagear a população judaica e, segundo o maestro, contará com apoio logístico do Casal Arbaitman. “Para nós é um privilégio e nos comove contribuir com a cultura do nosso país em memória do povo judeu, que tanto sofreu, permitindo que um número maior de pessoas tenham acesso”, ressalta Marcos Arbaitman, Presidente do Grupo Arbaitman.
Concerto de 15 obras
Lotoro é pianista, compositor e professor de música. Após sua busca em campos de concentração, bibliotecas, museus e ouvindo os sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, adquiriu acervo conservado em sua casa na pequena cidade de Barletta, no sul da Itália, onde nasceu, que reúne óperas, operetas, música sinfônica, lírica, jazz, até canções populares, cantigas e paródias. Boa parte das obras foi criada clandestinamente, como um ato de resistência, como de Rudolf Karel, que morreu na prisão, mas as composições foram salvas por um soldado nazista; do violinista polonês Josef Kropinski e Bela Lustman, polonesa que vive no Brasil. A pesquisa do maestro obteve apoio do Governo Italiano para a construção do Museu da Memória dos Compositores Judeus do Holocausto, em Barletta, em uma antiga usina desativada do país, que também é tema do documentário “O Maestro, em Busca da Última Música”, dirigido por Alexandre Valenti e exibido na Mostra Internacional de Cinema no Brasil.
O Maestro João Carlos Martins explica que o projeto está em fase de finalização e que, em dezembro, haverá uma primeira reunião com empresas parceiras. “O primeiro encontro com patrocinadores está previsto para dia 6 de dezembro. Para a turnê, separamos algumas obras e eu vou reger o Maestro Francesco no piano; outras ele vai me reger com a orquestra e vamos apresentar as melhores obras, de 1 hora e 20 minutos sem intervalo e inéditas, compostas por judeus em campos de concentração. Deveremos fazer no total umas 15 obras”, explica Martins.
Sobre a recente homenagem ao Casal Arbaitman e apoio logístico ao projeto, Martins afirmou: “ Tenho grande admiração pelo casal. Dediquei uma música ao casal, porque eles representam tudo aquilo que o mundo nunca mais quer ver na vida, que é o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, com os judeus. Então eu fiz questão de tocar, eu mesmo, no piano com as minhas limitações a “ Lista de Schindler” e dediquei ao Marcos e a Bete”, finaliza o maestro.